No banho, suas lágrimas se confundiam com a água corrente.
Não sabia se a vermelhidão dos olhos era resultado da água quente ou do pranto.
A confusão se estendia pela dúvida sobre o motivo da tristeza.
Seria a dor da doença ou da vida?
Seria a lembrança de todo o sofrimento sentido a cada picada de agulha?
Seria a corrida diária contra o tempo?
Seria a pressão de ser?
Seria a pressão de sentir.
A dor que não é física pelas agulhadas.
A dor de sentir e omitir.
A dor de ser. Ser o que? Quem?
As lágrimas oscilavam entre os momentos de reflexão.
A batida da música camuflava os soluços estridentes.
O tempo continuava gritando e batendo na porta.
"Está na hora!" se ouvia ao longe.
As lágrimas cessavam.
Não por alegria.
Por necessidade.