segunda-feira, 29 de julho de 2024

histórias não contadas

quem vai contar a minha história?

ser sozinha, viver sozinha

vivo muito, sinto muito

pra quê?

nos momentos de felicidade, tristeza

nos momentos de tristeza, tristeza

compartilhar a vida 

multiplica alegrias 

diminui tristezas

não compartilhar a vida

multiplica a tristeza 

divide a alegria

a ambiguidade dos sentimentos

uma vida pela metade? 

ou uma vida inteira sem conseguir transbordar?

uma vida sufocando com os vividos

escrever pra não sufocar com a vida

poetizar o sentimento 

pra não esquecer a dor, 

pra não apagar a alegria

um momento feliz e triste

um momento em crise

uma crise em momentos

uma história não contada

o esquecimento.

sábado, 20 de julho de 2024

um abraço

um abraço é como

chegar em casa


dias ordinários 

são os que fazem falta 

são os mais sentidos


a sensação de chegar em casa 

num segundo

num abraço 

num cheiro

num beijo no rosto


a vontade de ficar ali

naquele segundo 

naquele abraço 

naquele cheiro


mas o segundo se esvai

junto com a lembrança

do porquê tudo acabou 


o gato parou em frente a porta

esperando o retorno

daquilo que não volta mais


a dor reapareceu


junto com o abraço 

o cheiro

o beijo no rosto,

a despedida

mais uma vez.

segunda-feira, 15 de julho de 2024

não é fácil

se não escrevi, 

não foi por que não sofri

foi porque o tempo me atropelou

porque a vida se antecipou

sofri calada

acumulando gritos

mais uma madrugada

mais um dia

no outro e no outro

até sofrer de novo

e voltar à escrita

talvez

até mais bonita

é bem verdade o que dizem:

todo sofrimento de amor 

já foi letra de música,

basta procurar 

a que se encaixa melhor

no momento, 

não é fácil (marisa monte)

não adianta deixar pra depois 

o sofrimento é agora

eu proibo a lágrima,

mas ela tá sempre ali

esperando pra cair,

basta um descuido

o pensamento foge

à revelia 

da razão,

a emoção.

segunda-feira, 1 de julho de 2024

maré

quando eu era mais nova, achava que usava minha ansiedade a meu favor.

talvez eu nem soubesse bem que era ansiedade ali no comando, mas eu inventava as mais bizarras e horrendas possibilidades de situações só pra estar preparada pro que viesse.

por outro lado, eu nunca esperava absolutamente nada de nenhuma situação. ou seja, se nada acontecesse, nada ia acontecer. mas se algo acontecesse, seria muito bom. 

era uma espécie de controle de expectativas baixas.

hoje em dia, acho que perdi essas habilidades de controle das expectativas ou da ansiedade.

virei toda ansiedade, ela que me controla. 

por causa disso, as expectativas me decepcionam noite e dia. numa maré de descontrole de emoções.

de vez em quando, porém, eu sinto que tenho as coisas um pouco controladas, que entendo o que tá acontecendo dentro de mim. 

mas aí vem uma emoção de fora e atinge a de dentro num piscar de olhos.

é difícil tudo isso. é como surfar em ondas de confusão e sofrimento.

eu nem sei surfar.