Não por algum motivo especial e nem por que algum milagre aconteceu. Só acho que preciso fazer algumas mudanças nos "layouts" da minha vida de vez enquando...
Em relação ao cushing, nem sei mais o que as pessoas sabem. Acho que precisam saber apenas que eu optei por abandonar a doença, não, não achei uma cura milagrosa e muito menos abandonei o tratamento, pelo contrário... Viajei novamente para São Paulo - pela última vez com esse propósito - fui a nova consulta e me deram o resultado dos exames da cirurgia: foram retirados dois fragmentos tumorais (!?), porém, não foi o suficiente, alguma coisa restou lá (lá = minha hipófise) e continuei produzindo o inconveniente cortisol. Os próximos encaminhamentos se restringiram a poucas opções... Decidi continuar o tratamento com medicamentos na minha cidadezinha maravilhosa - que não é o Rio de Janeiro e muito menos São Paulo! - Essa MINHA opção está resultando no controle do nível de cortisol, vejam só! Não me importo de ter que tomar o cetoconazol (que é o remédio que controla o cortisol) até não sei quando, um comprimido é muito menos estressante do que viagens!
Defini o cetoconazol como meu antidepressivo. Não preciso de uma data específica ou de algum acontecimento marcante pra lembrar que estou bem, os dias estão mais bonitos e por incrível que pareça, estou mais tranquila, MESMO. É mais ou menos como quando Alice conversa com Humpty Dumpt e ele diz que gosta de ganhar presentes de desaniversário, porque todos os dias do ano - tirando um - são desaniversários, então seria muito melhor se comemorassemos todos os dias...
Pode ser que eu adore viver num conto-de-fadas, mas é porque não consigo conter o meu encantamento quando faço relações "teoria-prática".
Junto com minhas decisões e resultados positivos de exames de cortisol, vieram as aulas. Sim, estou no estágio de docência! Darei aula para uma turma de oitava série do ensino fundamental. A escola é boa, os alunos são bons, a professora da turma é boa, é uma situação ideal, no sentido estrito do termo! E o tema que nos ficou designado para trabalhar com eles, também não poderia ser mais perfeito: "memória"! Posso relacionar experiências com a teoria, colocar em prática o que eu idealizo, utilizar exemplos... memórias!
O início do estágio começou com uma oportunidade de irmos (eu e minha dupla de três) para Minas Gerais visitar as cidades históricas junto com os alunos do colégio. Fomos pedir auxílio financeiro e etc, mas... como num Processo Kafkiano, por impedimentos burocráticos não fomos viajar - a Universidade tinha o dinheiro mas não tinha como repassar a verba (????) - é, não conseguimos entrar n"O Castelo". Acompanhamos as atividades dos alunos que não foram viajar e tivemos mais tempo para nos organizar por aqui... Como eu tive um estágio de ouvinte enquanto estava no hospital, aprendi a lidar com a necessidade dos outros de contar histórias, ou seja, agreguei à minha experiência vivida as experiências narradas por outras pessoas - desde que entrei na faculdade Walter Benjamin está sempre presente me fazendo relacionar teoria-prática! - por isso, não foi tão frustrante... A ironia é que eu deveria fazer relatórios diários sobre as observações das atividades da escola, mas eu, como boa procrastinadora que sou, acabei deixando e deixando e deixando... e quando percebi, os relatórios pareciam Gremlins quando se deixa pingar uma gota de água! Multiplicaram-se! Apesar dos pesares e reclamações típicas (porque mesmo ficando encantada com tudo, como eu já disse, não aconteceu um milagre) parei para escrever meus relatórios e depois juntei com os das minhas colegas e fui ler (todos), conclusão? fiquei mais encantada! É absolutamente incrível como três pessoas escrevem coisas muito diferente observando a mesma situação! E aí vem teoria de novo: como a narração das pessoas constroem a história, como as coisas vão se costurando e se relacionando se forem bem analisadas, bem aproveitadas...
Os alunos da oitava série tinham como tema norteador da viagem para MG: Inconfidência Mineira (óh!!!) e o Arcadismo... partindo, então, dos princípios Clássicos "carpe diem" relacionando memórias, experiências vividas, narradas, concluí que não preciso ser fiel aos fatos (e somente aos fatos!), pois como diria a Emília, de Monteiro Lobato: "quem escreve memórias arruma as coisas de jeito que o leitor fique fazendo uma alta ideia do escrevedor. Senão o leitor fica vendo que era um homem igual aos outros." Por isso mudei... de "cortISOLADA" para "(in)confidente".
Em relação ao cushing, nem sei mais o que as pessoas sabem. Acho que precisam saber apenas que eu optei por abandonar a doença, não, não achei uma cura milagrosa e muito menos abandonei o tratamento, pelo contrário... Viajei novamente para São Paulo - pela última vez com esse propósito - fui a nova consulta e me deram o resultado dos exames da cirurgia: foram retirados dois fragmentos tumorais (!?), porém, não foi o suficiente, alguma coisa restou lá (lá = minha hipófise) e continuei produzindo o inconveniente cortisol. Os próximos encaminhamentos se restringiram a poucas opções... Decidi continuar o tratamento com medicamentos na minha cidadezinha maravilhosa - que não é o Rio de Janeiro e muito menos São Paulo! - Essa MINHA opção está resultando no controle do nível de cortisol, vejam só! Não me importo de ter que tomar o cetoconazol (que é o remédio que controla o cortisol) até não sei quando, um comprimido é muito menos estressante do que viagens!
Defini o cetoconazol como meu antidepressivo. Não preciso de uma data específica ou de algum acontecimento marcante pra lembrar que estou bem, os dias estão mais bonitos e por incrível que pareça, estou mais tranquila, MESMO. É mais ou menos como quando Alice conversa com Humpty Dumpt e ele diz que gosta de ganhar presentes de desaniversário, porque todos os dias do ano - tirando um - são desaniversários, então seria muito melhor se comemorassemos todos os dias...
Pode ser que eu adore viver num conto-de-fadas, mas é porque não consigo conter o meu encantamento quando faço relações "teoria-prática".
Junto com minhas decisões e resultados positivos de exames de cortisol, vieram as aulas. Sim, estou no estágio de docência! Darei aula para uma turma de oitava série do ensino fundamental. A escola é boa, os alunos são bons, a professora da turma é boa, é uma situação ideal, no sentido estrito do termo! E o tema que nos ficou designado para trabalhar com eles, também não poderia ser mais perfeito: "memória"! Posso relacionar experiências com a teoria, colocar em prática o que eu idealizo, utilizar exemplos... memórias!
O início do estágio começou com uma oportunidade de irmos (eu e minha dupla de três) para Minas Gerais visitar as cidades históricas junto com os alunos do colégio. Fomos pedir auxílio financeiro e etc, mas... como num Processo Kafkiano, por impedimentos burocráticos não fomos viajar - a Universidade tinha o dinheiro mas não tinha como repassar a verba (????) - é, não conseguimos entrar n"O Castelo". Acompanhamos as atividades dos alunos que não foram viajar e tivemos mais tempo para nos organizar por aqui... Como eu tive um estágio de ouvinte enquanto estava no hospital, aprendi a lidar com a necessidade dos outros de contar histórias, ou seja, agreguei à minha experiência vivida as experiências narradas por outras pessoas - desde que entrei na faculdade Walter Benjamin está sempre presente me fazendo relacionar teoria-prática! - por isso, não foi tão frustrante... A ironia é que eu deveria fazer relatórios diários sobre as observações das atividades da escola, mas eu, como boa procrastinadora que sou, acabei deixando e deixando e deixando... e quando percebi, os relatórios pareciam Gremlins quando se deixa pingar uma gota de água! Multiplicaram-se! Apesar dos pesares e reclamações típicas (porque mesmo ficando encantada com tudo, como eu já disse, não aconteceu um milagre) parei para escrever meus relatórios e depois juntei com os das minhas colegas e fui ler (todos), conclusão? fiquei mais encantada! É absolutamente incrível como três pessoas escrevem coisas muito diferente observando a mesma situação! E aí vem teoria de novo: como a narração das pessoas constroem a história, como as coisas vão se costurando e se relacionando se forem bem analisadas, bem aproveitadas...
Os alunos da oitava série tinham como tema norteador da viagem para MG: Inconfidência Mineira (óh!!!) e o Arcadismo... partindo, então, dos princípios Clássicos "carpe diem" relacionando memórias, experiências vividas, narradas, concluí que não preciso ser fiel aos fatos (e somente aos fatos!), pois como diria a Emília, de Monteiro Lobato: "quem escreve memórias arruma as coisas de jeito que o leitor fique fazendo uma alta ideia do escrevedor. Senão o leitor fica vendo que era um homem igual aos outros." Por isso mudei... de "cortISOLADA" para "(in)confidente".