Tenho costume de só escrever sobre alguma coisa depois que essa "alguma coisa" já passou, ou talvez, não esteja me incomodando, ou "alguma coisa assim". Não sei se posso dizer que "alguma coisa" passou. Na verdade, muitas coisas passaram e várias coisas estão passando e outras ainda vão passar. Não tenho muita vontade de vir aqui e escrever e contar causos. Talvez junto com as minhas adrenais tenha ido a minha motivação/inspiração pra escrever. (Espero que não tenha ido TODA a motivação pra escrever, porque senão eu não acabo a minha dissertação nunca)
Já escrevi e apaguei umas duzentas vezes parágrafos inteiros e acho que não vou conseguir gostar de "qualquer coisa" que eu escrever. Não sei ainda porque eu persisto, mas talvez seja isso que eu precise, de persistência.
Ando lendo "coisas" de outras pessoas e penso que eu não teria capacidade de escrever tão bem, aí lembro que um dia eu pensava que qualquer coisa era digna de "um texto", "uma tese", "qualquer coisa". Só de pensar em parar na frente de uma tela em branco com um cursor piscando já começo a suar frio e o coração a bater mais forte. Não sei se é uma doença que assola pessoas na pós-graduação, final de graduação, etc., ou se é só algum tipo de encosto que esbarrou em mim e ficou.
Queria descobrir uma fórmula mágica que faça com que a gente consiga ver tudo lindo. Não basta ser daltônico pra ver tudo cor-de-rosa (nem gosto de rosa), e nem pensar em álcool, a ressaca é ainda pior. Quem não gostaria de tirar umas férias de si mesmo? Tirar férias de pensamentos, do mundo, de dor... É tanta coisa e ao mesmo tempo não é nada, é só a nossa mente pregando uma peça. Uma peça bem ruim, daqueles dramas que a plateia vai saindo antes de acabar. Algumas pessoas ficam, mas é só porque elas fazem parte da peça também... Às vezes dá vontade de sair no meio da peça e mudar tudo, fugir do script, mas aí eu lembro que não consigo mais escrever, não saberia escrever um novo roteiro. E aí lembro que a peça tá só no começo...