terça-feira, 6 de agosto de 2013

você é você (mas a gente muda)!

Eu poderia começar esse post de diversas maneiras, mas eu já nem sei mais como se começa um post, porque foram dois anos pensando em como começar um novo parágrafo na dissertação e eu mal podia parar pra respirar que já vinha aquela dor na consciência por não estar respirando mestrado.
Hoje, eu posso dizer: eu sou eu, eu sou mestra, eu sou saudável, eu sou linda. Sim. Essa última parte é muito importante. Depois de 3 cirurgias, uma graduação, um namoro fail, muito choro, baixa autoestima e tudo que vem junto com hormônio descontrolado e uma pessoa descontrolada veio então a insuficiência adrenal, a reposição de hormônio, o quase auto-controle, o mestrado, e sim, a maior felicidade de uma mulher com baixa autoestima: emagrecer! :D
Qualquer um que imagine que essa é a última coisa que se pensa quando se está doente está muito enganado, a primeira coisa é brigar com o espelho, depois a gente briga com todo mundo e tudo fica mais difícil. 
Tanto tempo sem escrever sem ninguém pra me julgar que acho que desaprendi, mas enfim... Me deu vontade de escrever hoje, porque mais um ciclo se fechou. Eu iniciei esse blog com o post você não é você, você tem cushing, então nada mais justo que encerrar essa fase de doença dizendo que hoje eu sou eu, mas como diz Alice (sim, a do Carroll, as usual), eu sei quem eu era hoje de manhã, mas já mudei muitas vezes, então, eu sou eu, mas eu estou em constante mudança.
Infelizmente a mudança que todos esperavam é impossível: eu não sou uma menina meiguinha e calma e cheia de paciência pra distribuir, eu sou a Rafaella que aprendi a ser, com experiências e histórias pra contar... Acho muito legal que em todas as fases difíceis da minha vida eu tive apoio de muitas pessoas, acho que uma parte muito importante da dissertação são os agradecimentos, por isso eu vou reescrevê-los aqui e pela primeira vez (pelo que eu me lembro) , vou citar nomes no blog, porque merecem... e lá vai:

“Tenho certeza de que estas não são as palavras certas”, disse Alice, e seus olhos se encheram de lágrimas de novo enquanto continuava. (CARROLL, 2002, p. 22).

A personagem Alice, de Lewis Carroll, na tentativa de recitar poemas ou lembrar-se de palavras que lhe pareciam tão fáceis de dizer, acaba derramando algumas lágrimas por achar que não está falando a coisa certa. Sempre pensamos que não sabemos o que dizer para agradecer alguém especial. Infelizmente, essa não é uma tarefa fácil e, portanto, consideramos que as palavras nunca são suficientes. Contudo, apesar das dificuldades, não posso, absolutamente, deixar de agradecer às pessoas que estiveram por trás desta dissertação, algumas indiretamente, outras diretamente, mas todas de maneira imprescindível.
Agradeço inicialmente aos meus avós paternos, Seu Osvaldo e Dona Rosa Amélia, e maternos, Seu Luiz (in memoriam) e Dona Zenir, por serem tão fortes e terem iluminado minha vida com a criação dos meus pais, o que refletiu na minha criação e inspirou todos os outros netos, netas, bisnetos e bisnetas.
Aos meus pais, Ronaldo e Angelita, por me apoiarem em todos os momentos de minha vida, dando-me forças para seguir em frente em minhas escolhas. Agradeço a eles, também, por escolherem tão bem os meus padrinhos, Renato e Fabiane, que são tão importantes quanto meus pais, e por me darem forças ao se orgulharem de qualquer (mínima que seja) conquista minha.
Aos meus irmãos, Junior e Kaio, por aguentarem meus momentos de irritação de irmã mais velha e serem tão compreensivos com tudo o que passamos.
A todos os meus amigos e, em especial, à Priscila, por entender minhas ausências e me incentivar a trocar alguns “momentos de lazer” pelos “momentos dissertativos”.
À minha médica, Dra. Amely, por ser mais paciente que eu e possibilitar que hoje eu esteja livre do cushing, saudável e forte para continuar.
À professora Tânia Ramos, por me apresentar à minha orientadora.
À minha orientadora, Eliane Debus, por ser tão compreensiva, pela delicadeza com as críticas, por todos os elogios, por acreditar que eu era (sou!) capaz e por exercer tão bem a função de orientadora.
Enfim, cada pessoa que passou por mim deixou uma marca na minha vida, e cada marca positiva se tornou um ponto a mais nesta dissertação. Agradeço a todos e espero que muitos outros pontos sejam acrescentados à minha vida e à de todos que já passaram por mim.

E ainda vale citar alguns agradecimentos de pessoas importantes diretamente na elaboração, que não estão especificadas, mas que foram muito importantes para mim: à Betina Von H. Seger, pelos desenhos maravilhosos que ela fez pra eu deixar minha dissertação mais linda! à Ana Olivo, por ter me ajudado com o abstract! E tantos e tantos outros que eu posso ter esquecido de citar, mas que são importantes do mesmo jeito.

Enfim, agora entro em uma nova fase, a de desempregada a de Mestre em busca do emprego dos sonhos só que não, o que vier é lucro. Claro que eu sempre vou arranjar alguma coisa pra reclamar, mas é porque eu só sou eu se eu tiver alguma coisa pra falar (e olha que isso foi o tempo que me ensinou, porque eu nunca bati nele), como diz meu irmão "agora você não tem mais cushing mestrado!" É, agora eu vou arranjar alguma coisa pra reclamar, mas primeiro eu tenho que agradecer e faço isso sempre, mesmo que às vezes em silêncio, mas agradeço a todos por fazerem parte da minha vida.

O bom de tudo isso é saber que mesmo mudando e mudando e mudando, minha família tá aqui (tanto a de sangue como a que eu escolhi) do meu lado e agora eu fiz as pazes com o espelho, então tá tudo bem.