quinta-feira, 23 de agosto de 2012

chorar é bom

Tem gente que chora de tristeza, tem gente que chora de felicidade, tem gente que chora por desespero, tem gente que chora de raiva, tem gente que chora de decepção, tem gente que chora de medo, tem gente que chora pelos outros, tem gente que chora por si mesmo, tem gente que chora com filme triste, ou com filme bonitinho, ou com filme de terror, tem gente que chora por nada... eu faço tudo isso e não tenho vergonha de admitir.
Chorar é uma catarse, purifica a gente, purifica a mente. Não traz solução, traz soluços, mas mesmo que não seja resposta pra nada, ajuda a aceitar as coisas, ou pelo menos a botar pra fora, vomitar o que o coração não aguenta... Sim, eu chorei quando vi o resultado do meu exame e meu cortisol continuava alto, chorei porque é difícil aceitar que você passou por 3 cirurgias, ficou internada em hospitais diferentes, longe da sua casa, tentou várias dosagens de remédios, foi em vários médicos, já leu sobre todas as possibilidades... É difícil aceitar que já são 4 anos com uma doença que parece não ter fim, saber que você contraria todas as estatísticas e todo aquele bla bla bla...
Aí me dizem e eu fico pensando com dor na consciência "mas tem gente que tá pior que eu"... Existir pessoas com problemas piores que o meu não diminui o meu sofrimento, nem apaga os meus problemas. Mas chorar pensando nisso elucida, limpa os pensamentos, ou só deixa eles molhados...
Aí me disseram: "Rafa, mas pensa que tu és muito interessante, eu gostaria de te estudar!" Claro né, uma aberração linda e de olhos azuis até eu ia querer estudar! Pena que sou eu mesma! 2 anos "estudando" a doença já tá bom,  não quero me graduar, um tecnólogo em cushing já tá bom, agora chega.
Claro que me desesperei em ver que meu cortisol ainda estava alto, chorei, liguei pra minha mãe, meu irmão ouviu e praticamente me intimou a ir pra casa (achei cute, mesmo que quando eu chegue lá ele me me chame de chata o tempo todo) mandei e-mail e mensagem pra médica (as 23h!).
Ela me ligou no outro dia e me disse muito "reconfortantemente": "Fala, sua desesperada! Não se assusta assim, vamos trocar o remédio, tu pega a requisição de exame aqui e faz outro exame depois que tomar o outro remédio, eu vi teu anatomopatológico (vulgo: resultado da cirurgia) e tu não tens mais as adrenais é impossível tu produzires cortisol."
Não sei se isso me deixou mais calma ou só conformada com a minha situação de aberração. Mas em todo caso, eu recebi o telefonema quando estava no shopping center com a minha mãe, então eu já estava mais calma. Mesmo uma aberração, se está fazendo compras com a mãe, consegue ser calma. (fica a dica!)
Agora eu tô melhor, já chorei, já ri, já saí, já troquei o remédio... só não fiz um novo exame (é o que me amedronta, mas ok)

Essa semana não tô muito "auto-ajuda", mas até que tô com uns pensamentos "auto-ajudantes", só não tô muito apta pra expô-los, porque esses pensamentos são rápidos e eles correm de mim quando eu consigo chegar perto de alguma coisa pra registrá-los.
Acho que meu projeto "verão 2013 com medidas perfeitas magicamente" vai ter que ser alterado pra "verão 2014 com muito suor e malhação". Fazer o que, né? Eu sempre falava pra minha mãe na minha adolescência (cof cof, me sentindo idosa) "eu queria tanto ser diferente!"
Agora toma na cara, Rafaella.
Sou diferente de todas as estatísticas de "praticamente 100% dos casos de cura após adrenalectomia". Eu sou o "praticamente"! Não era isso que eu pedia (eu acho)... acho que isso serve pra eu aprender a pedir melhor, ser mais específica. Deixar de ser preguiçosa na escolha das palavras, a gente tem que falar tudo que precisa, nem mais, nem menos.
Mas contrariando o que eu acabei de afirmar, vou parar de "falar", porque mesmo que eu precise falar outras coisas, não acho que agora seja o momento (até porque eu tô atrasada pra outras coisas, enfim...)
Não que escrever no blog seja uma coisa muito necessária, né? Mas é tipo chorar... escrever faz a gente se organizar e tentar colocar as ideias no lugar.
Chorar é bom. Escrever é bom. (sem analisar sintaticamente, por favor, obrigada)